A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL – AS TRINCHEIRAS QUE DIVIDIRAM UM CONTINENTE
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O presidente norte-americano Woodrow Wilson chegou a declarar que era uma “guerra para acabar com todas as guerras”. O idealismo de Wilson estava equivocado. Entre 1914 e 1918, o conflito era denominado simplesmente “A Guerra” ou a “Grande Guerra”, como comprovam, por exemplo, as matérias escritas pelo correspondente Júlio Mesquita, do jornal O Estado de S.Paulo, que mantinha o público brasileiro a par dos acontecimentos europeus.
A história oficial narra que a Primeira Guerra Mundial começou devido ao assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria por um nacionalista sérvio. Os antecedentes da guerra, entretanto, são apresentados em um quadro político europeu complexo, no qual o homicídio de um líder político não passa apenas de uma faísca que desencadeia todo um processo de explosão que já estava prestes a ser detonado.
Inicialmente, poderíamos relembrar a hipótese de Lênin de que a Guerra Mundial foi uma consequência direta dos choques entre as potências imperialistas europeias. O Congresso de Berlim foi um fracasso em termos de contenção destas diferenças, pois os interesses coloniais acabaram fazendo com que os países resolvessem suas diferenças políticas na última instância jurídica: os campos de batalha. Ademais, o acirramento das desconfianças entre as potências europeias fomentou um clima de insegurança continental, que alimentou a corrida armamentista, fenômeno também conhecido como “paz armada”. A vanguarda industrial alemã, no fim do século XIX, desafiava o poderio britânico, inclusive no domínio dos mares e oceanos.
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Eu queroO sistema de diplomacia secreta, organizado ainda no século XIX, envolveria praticamente todo o continente na guerra através de um efeito dominó. A partir do momento em que uma potência fizesse uma declaração de guerra contra outra, a Europa toda seria arrastada para o conflito. O choque entre o expansionismo russo rumo ao Mediterrâneo e o conservadorismo austro-húngaro na região balcânica seria a gota-d’água para o sistema de diplomacia secreta entrar em ação. Bismarck, que sempre tentou manter uma política alemã neutra para evitar a guerra, foi forçado a tomar partido na questão entre austro-húngaros e russos, optando por Viena–Budapeste por temer que os russos e os franceses pudessem realizar uma guerra de duas frentes contra a Alemanha. Desta forma nasceu, em 1879, o Tratado Renovado, em que Alemanha e Áustria–Hungria se comprometiam a unir forças militares no caso de um ataque da Rússia czarista. Em 1882, a Itália, a mais frágil das potências imperialistas, aliou-se aos alemães e austro-húngaros para obter aliados em sua jornada imperialista, não obstante ter pretensões territoriais sobre o Trento e Triste, regiões sob domínio austríaco. Era o nascimento da Tríplice Aliança. Em 1894, em contrapartida, Rússia e França celebraram uma aliança militar defensiva em caso de ataque alemão, que seria reforçada em 1907 pela Inglaterra.
Ademais, os nacionalismos exacerbados — germanismo, eslavismo e revanchismo francês — ajudavam a criar o clima de iminente conflito. Estava pronto o tabuleiro de xadrez que conduziria a Europa ao seu primeiro grande conflito desde as guerras napoleônicas.
A “Grande Guerra” ou “Guerra Mundial”, apresentou uma série de inovações, tais como a participação de todas as potências mundiais, inclusive os Estados Unidos e o Japão, e batalhas ocorridas na Europa e fora do Velho Continente, como os combates navais no Atlântico Sul e em Gallipoli, que envolveu tropas australianas contra soldados do Império turco-otomano. As colônias das potências europeias também sofreriam os efeitos da guerra, contribuindo com bens materiais e, até mesmo, com o envio de tropas, como soldados senagaleses, que lutaram ao lado dos franceses. A guerra apresentou, ainda, inovações nos campos de batalha, como a estreia das armas químicas, dos tanques de guerra, dos aeroplanos e dos submarinos. O conflito, contudo, ficou marcado pela guerra de trincheiras. O emprego de eficientes armas de fogo e a inexistência de meios eficazes para desalojar os inimigos das linhas de defesa exigiram um grande tributo em termos de inválidos e mortos. O veterano alemão Erich Maria Remarque registrou suas memórias de guerra em Nada de novo no front. Estima-se que cerca de dez milhões de pessoas morreram durante a guerra, incluindo a população civil, atingida invariavelmente de modo indiscriminado. As mulheres também participaram do conflito, atuando como enfermeiras e operárias nas indústrias de armamentos, o que legitimaria as exigências de feministas para a obtenção dos direitos civis no pós-guerra.
A GUERRA
O conflito teve início, conforme afirmado, quando Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria– –Hungria, foi assassinado por um nacionalista sérvio. Os austro-húngaros encontravam-se em uma situação delicada, enfrentando o expansionismo russo e a pretensão sérvia de criar uma “Grande Sérvia”, ou Iugoslávia, às custas dos territórios sob domínio de Viena–Budapeste. Os austro-húngaros, incitados pelos alemães, declaram guerra aos sérvios. O czar Nicolau II mobiliza, então, cerca de 1 milhão de homens na fronteira do país com a Áustria–Hungria e a Alemanha.
A guerra começava. Os alemães, com a experiência das guerras de unificação do século XIX, esperavam que a guerra, iniciada em agosto, estaria concluída em dezembro. O Estado Maior alemão, aplicando o Plano Schlieffen, ataca simultaneamente os russos e os franceses, através da Bélgica. O desrespeito à neutralidade belga acabaria envolvendo os ingleses na guerra. Na frente oriental, alemães e russos estacionam suas ações após a batalha de Tannenberg. Na frente ocidental, a batalha do Marne marca a estabilização da guerra através da imobilidade das trincheiras. O conflito, que começara com a mobilização militar das tropas, manter-se-ia estático até o ano de 1917.
Em 1915, a Itália, através do Pacto de Londres, abandona a Tríplice Aliança e passa a apoiar a Tríplice Entente. Os italianos esperavam obter vantagens territoriais coloniais e territórios austríacos após a guerra. As expectativas italianas, contudo, não seriam totalmente atendidas. Em 1916, nas batalhas de Verdun e Somme, cerca de 600 mil soldados morreram em um dos mais terríveis episódios das guerras de trincheiras. O conflito, contudo, somente começaria a sofrer alterações significativas no ano seguinte.
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