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A Primeira guerra mundial

A Primeira guerra mundial

Aprenda sobre a Primeira Guerra mundial e suas consequências.

CONTEXTO DE MUDANÇAS NA GUERRA

Em abril de 1917, após o torpedeamento do navio norte-americano Lusitânia por submarinos alemães, o presidente Woodrow Wilson solicita ao Congresso declaração de guerra contra o Império alemão. Os Estados Unidos, que até então mantinham uma neutralidade formal, exerciam o papel de “arsenal da democracia”, fornecendo produtos de guerra para franceses e ingleses. A entrada dos Estados Unidos no conflito, que representava um breve hiato na sua política isolacionista, foi alvo de investigação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso americano, na qual os interesses da indústria bélica foram considerados responsáveis pela entrada do país na guerra. A conclusão do chamado Relatório Nye provocaria, no Congresso, uma reação extremamente negativa. Após o conflito, seriam aprovados os Atos de Neutralidade, um conjunto de leis que proibiam os Estados Unidos de comercializar armas com países beligerantes. A historiadora Bárbara Tuchmann aponta, ainda, a proposta alemã de aliança militar com os mexicanos, consubstanciada no Telegrama Zimmermann, como um dos motivos da guerra.

Em outubro de 1917, com a Revolução Bolchevique, a Rússia acabaria saindo da Primeira Guerra Mundial. Lênin condenava a guerra como um conflito imperialista, no qual a classe operária não teria interesses diretos. Os bolcheviques, cumprindo uma das promessas revolucionárias, estabelecem um acordo de paz com o Império Alemão denominado Brest-Litovsky. O tratado era extremamente punitivo para com os russos, reservando para a Alemanha vastos territórios que englobariam a Polônia, a Ucrânia e as Repúblicas Bálticas. Com a derrota da Alemanha, o tratado seria anulado. A despeito da saída dos russos e do fim da frente oriental, a entrada dos Estados Unidos no conflito seria fundamental para que a máquina de guerra alemã, exausta por quase quatro anos de conflito, entrasse em colapso.

“Comentam-se aqui, semanalmente, os fatos da guerra. Ora, a guerra, a bem dizer, acabou. Armistício não é paz, e nem ao armistício chegamos. É mais provável, porém, que as nações aliadas aos Estados Unidos não o neguem e que os generais que comandavam os exércitos em luta, não o embaracem”. Com estas informações, o jornalista Júlio Mesquita, em sua coluna semanal no periódico O Estado de S. Paulo, dava a saber aos seus leitores, em 14 de outubro de 1918, que a Grande Guerra chegava ao seu fim. De fato, um mês depois, os alemães aceitavam a rendição.

O PÓS-GUERRA

A guerra teve custos materiais e humanos extremamente elevados, sem quaisquer precedentes na História europeia ou mundial. Os aliados ocidentais mobilizaram cerca de 44 milhões de soldados, enquanto as potências centrais empregaram algo próximo de 26 milhões de militares. O número de mortos, estimado em cerca de 10 milhões de pessoas, e as atrocidades contra a população civil, levaram o presidente dos Estados Unidos, em um rasgo de idealismo pacifista, a considerar que aquela era a “guerra para acabar com todas as guerras”. O sistema internacional preconizado por Wilson dava conta de que o liberalismo democrático deveria ser estendido aos países do mundo após a guerra, incluindo aquelas nações autoritárias e derrotadas. O discurso missionário de Wilson, entretanto, não encontraria receptividade na Europa e nem ao menos em seu ambiente doméstico, pois o Congresso rejeitaria uma nova ingerência norte‑americana nas questões europeias.

A guerra fragilizou o sistema europeu e pode ser considerada a ponta de lança de um processo nas relações internacionais que culminaria com a transição da Belle Époque europeia para o sistema de bipolaridade entre Estados Unidos e União Soviética após a II Guerra Mundial. A despeito disso, a guerra trouxe algumas novidades que beneficiariam certas nacionalidades. O princípio de autodeterminação dos povos, isto é, a concepção de que as nações tinham o direito de se organizarem politicamente através da formação de Estados Nacionais, começou a tomar corpo na Europa. As colônias europeias teriam que aguardar mais vinte e cinco anos até o início efetivo do processo de descolonização afro-asiático. Na Europa, contudo, Áustria, Letônia, Finlândia, Hungria, Iugoslávia, Lituânia, Polônia e Tchecoslováquia surgiram como os mais novos membros da comunidade internacional à custa do colapso dos três grandes impérios: alemão, austro-húngaro e russo. No Oriente Médio, a fragmentação do Império turco-otomano, denominado de “grande doente da Europa”, provocou a paulatina transferência do domínio turco para as mãos de franceses e britânicos, os quais dividiriam as fronteiras da região, traçando uma nova geografia que daria origem aos atuais Estados árabes.

O primeiro país a pedir a rendição durante a I Guerra Mundial foi a Bulgária, aliada do Império alemão e ator coadjuvante nas relações internacionais na Europa. Em 29 de setembro de 1918, após uma ofensiva militar do general Franchet d’Esperey a partir da Grécia, aliada da Entente, os búlgaros apresentaram a rendição. Dessa forma, foi obrigada a retirar suas tropas dos territórios da Sérvia – que constituiria o principal Estado na Iugoslávia – e da Grécia. O governo búlgaro deveria, ainda, desmobilizar seu Exército e romper totalmente sua aliança com a Alemanha. O monarca Ferdinando abdicou em favor de seu filho e a Turquia ficou isolada dos demais países da Aliança, pois o controle do vale do Danúbio pelos países da Entente cortava o corredor que os ligava.

Em 30 de outubro de 1918, os turcos, acusados posteriormente de crimes de genocídio contra as populações armênias, reconheceram a inutilidade de prosseguir no conflito e solicitaram o armistício. As condições impostas pelos vencedores também foram pesadas: desmobilização das Forças Armadas, controle inglês sobre os estreitos de Bósforo e Dardanelos e poços petrolíferos. No dia seguinte, os austro-húngaros, em Villa Giusti, pediram o cessar-fogo. Além de serem obrigados a desativar o Exército, eles deveriam ceder os territórios pretendidos pelos italianos e permitir a entrada de tropas da Entente, que poderiam deste modo promover um ataque final contra os alemães para encerrar o conflito.

O ataque prevenindo contra a Alemanha, contudo, jamais ocorreu na Grande Guerra, pois o Estado Maior alemão concordou em admitir a derrota. A Alemanha, para evitar o que na época era considerado o pior, isto é, uma invasão contra o seu próprio território, aceitou o armistício. Em 11 de novembro, às cinco horas da manhã, em um vagão ferroviário em Rethondes, os alemães assinavam a rendição, encerrando os quatro anos de uma guerra que o kaiser Guilherme II, que renunciaria e se exilaria na Holanda ainda em novembro de 1918, considerara em 1914 que duraria alguns poucos meses. A paz honrada pretendida pelos alemães foi suplantada por uma paz incondicional e punitiva, imposta, sobretudo, pelo revanchismo francês.

Com a rendição alemã, norte-americanos e franceses apresentaram duas propostas de paz para estabelecer as novas relações da Europa e do mundo após a guerra.

O presidente Woodrow Wilson, alegando que os EUA entrara na guerra em nome da democracia, pretendia impor sua visão idealista através dos chamados “Catorze Pontos”, que estabeleciam: a abolição da diplomacia secreta, considerada uma das principais responsáveis pela guerra (1º); direito de livre navegação em tempos de paz e em tempos de guerra (2º); fim dos protecionismos econômicos e direito de livre-comércio (3º); fim da corrida armamentista (4º); mediação entre os interesses metropolitanos e coloniais no sentido de atender os interesses nacionais envolvidos (5º); retirada de tropas da Rússia e livre determinação russa (6º); retirada de tropas alemães da Bélgica (7º); devolução da Alsácia-Lorena para os franceses (8º); delimitação das fronteiras italianas, levando em conta o princípio da nacionalidade (9º); autodeterminação dos povos sob domínio austro-húngaro (10º); estabelecimento das fronteiras na região balcânica, também atendendo aos critérios da nacionalidade (11º); autodeterminação para os povos sob domínio turco e livre navegação em Bósforo e Dardanelos (12º); independência polonesa e livre acesso ao mar aos poloneses (13º); criação de uma Sociedade ou Liga das Nações, com o objetivo declarado de zelar pela paz mundial (14º).

Os 14 pontos de Wilson claramente beneficiavam, portanto, os princípios de autodeterminação dos povos e das nacionalidades, em detrimento dos grandes impérios centrais multiétnicos. A proposta de Wilson, contudo, seria rechaçada pelos demais vencedores que consideravam brandas as condições para com os vencidos, sobretudo a Alemanha, tida pelos franceses como a principal responsável pela guerra. Ademais, o Congresso norte-americano, majoritariamente composto por deputados e senadores isolacionistas, considerava que Wilson já havia excedido suas funções internacionais. A entrada na guerra havia sido justificada pelos ataques submarinos alemães contra embarcações norte-americanas. Após o conflito, todavia, não havia um argumento que legitimasse as pretensões de Wilson de impor uma diplomacia mais universalista que colocasse a América como uma nação de vanguarda nas relações internacionais. O Congresso não apenas criticou a pretensão de Wilson, como rejeitaria totalmente os tratados de paz da guerra, em especial o de Versalhes, mergulhando o país novamente em uma escalada isolacionista que somente seria rompida com o ataque japonês em dezembro de 1941.

Em 28 de junho de 1919, quinto aniversário do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando da Áustria-Hungria, foi ratificado o Tratado de Versalhes, indubitavelmente o mais importante documento que encerrava os quatro anos de guerra. A história de disputas militares entre alemães e franceses estava recheada de aspectos simbólicos. Prova disso é que, além do Tratado de Versalhes ter sido firmado no dia da morte do herdeiro Francisco Ferdinando, o diktat de Versalhes, como passariam a chamar os alemães, foi elaborado no Salão dos Espelhos do Palácio de Versalhes, o mesmo local em que Bismarck consolidara a unificação do II Reich, em janeiro de 1871, após bater as tropas francesas.

A Conferência, que durou de janeiro a junho de 1919, contou com a participação de 32 países. Os trabalhos, contudo, passariam a ser conduzidos realmente por Inglaterra, França, Itália e Estados Unidos, representados, respectivamente, por Lloyd George, Georges Clemenceau, Vitor Emanuel III e Woodrow Wilson. Na prática, o Tratado foi fruto dos esforços de franceses e ingleses. A Itália, a despeito de receber os territórios do Trentino, Trieste, a península de Ístria e o Tirol meridiano, não obteve o porto de Fiumicino da Áustria e regiões coloniais. Os italianos, por não receberem os territórios pretendidos desde o Pacto de Londres de 1915, retiraram-se da Conferência de Paz em protesto. O presidente norte-americano, por seu turno, não contava com respaldo de seus compatriotas.

O Tratado de Versalhes, extremamente oneroso para com a Alemanha, seria ratificado pelo novo governo republicano de Berlim sob grave ameaça de invasão territorial. Os termos de Versalhes eram tão escandalosos no que se refere ao atendimento do revanchismo francês, que várias personalidades, como o marechal Foch, vislumbraram o Tratado como a origem de uma nova guerra.

O documento, ao invés de celebrar um novo equilíbrio na Europa, fomentou um sentimento de humilhação nacional aos alemães, que beneficiaria o discurso nacionalista e autoritário dos nazistas, na década de 1930.

As cláusulas do Tratado de Versalhes estipulavam que a Alemanha era considerada culpada pelo conflito, além de estabelecer um tribunal para o julgamento de crimes de guerra, que efetivamente não processou nenhuma autoridade dos países perdedores. Ademais, a Alemanha perdia um oitavo do seu território europeu, sendo obrigada a devolver a Alsácia-Lorena aos franceses e ceder uma faixa de território para que os poloneses pudessem ter acesso ao mar do Norte. O território alemão sofreu uma cisão, ficando a Prússia Oriental separada do resto do país pelo “corredor polonês”. Os alemães perderam, ainda, o território de Schleswig para a Dinamarca e a Bélgica anexou Eupen e Malmédy.

Os territórios coloniais alemães seriam repassados integralmente aos vencedores. Na África, a França recebeu Camarões, enquanto a Grã-Bretanha ocupou o Togo, a Tanzânia e a Namíbia. Os belgas ficaram com Ruanda. Na Ásia, as pequenas possessões alemãs passaram para os japoneses (península de Shandong e porto de Qingdao, na China, e as ilhas Carolinas, Marianas, Marshall e Palau) e com os britânicos (arquipélago de Bismarck e Papua Nova Guiné).

As Forças Armadas alemãs foram totalmente desmobilizadas e tornou-se proibido seu rearmamento. A Marinha mercante foi confiscada e a Renânia ocupada militarmente por franceses e belgas até 1923. Os valores das indenizações estipuladas eram astronômicos e virtualmente impossíveis de serem pagos. O célebre economista inglês John M. Keynes, defensor do estado de bem-estar social, participaria da delegação diplomática britânica na Conferência de Versalhes e criticaria os vultuosos volumes a serem pagos pelos alemães em sua obra Consequências econômicas da paz. Os outros países aliados da Alemanha – Áustria-Hungria, Bulgária e Império Turco-Otomano – também sofreriam sanções dos vencedores.

Em 10 de setembro de 1919, pelo Tratado de Saint‑Germain-en-Laye, Viena foi obrigada a reconhecer o princípio de autodeterminação da Hungria, Iugoslávia, Polônia e Tchecoslováquia. Os sérvios, desejosos de criar o seu grande Estado Nacional, aliaram-se aos montenegrinos com o intuito de incorporar os territórios da Bósnia-Herzegovina, Croácia, Dalmácia e Eslovênia, formando o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos ou, simplesmente, Iugoslávia. A Áustria perdia seus acessos ao Mediterrâneo e seu Exército ficou reduzido a uma força policial de 30 mil homens. Uma cláusula ainda proibia a união da Áustria com a Alemanha, o Anschluss de Hitler em 1938.

Em 27 de novembro de 1919, foi assinado o Tratado de Neuilly-sur-Seine, que impunha aos búlgaros a restituição dos territórios da Trácia oriental aos gregos, o sudeste da Macedônia aos iugoslavos e o sul da Dobrudja para os romenos. As cláusulas da paz punitiva búlgara foram mais suaves, pois havia a crença de que a Bulgária participara da guerra sob ameaça de invasão alemã. Em 20 de junho de 1920, pelo Tratado de Trianon, os recém-independente húngaros perdiam a legendária Transilvânia para os romenos, além da Eslováquia e a Rutênia, para a formação da Tchecoslováquia. Em 1919, o almirante Nicolau Horthy abortou a tentativa de golpe comunista de Béla Kun.

O Império Turco-Otomano assinou dois tratados. Pelo Tratado de Sèvres, assinado em 10 de agosto de 1920, os turcos perdiam a Armênia, a Arábia e o Curdistão, que se tornaram Estados independentes. Os franceses obtiveram a Síria, o Líbano e a Cilícia, enquanto os ingleses passariam a controlar o Iraque e a Palestina. Ademais, os gregos recebiam a cidade de Esmirna e os italianos, o sul da Anatólia. Em novembro de 1922, a Monarquia seria deposta por um movimento republicano liderado pelo general Mustafá Kemal. A nova situação política obrigou os países vencedores a impor o Tratado de Lausanne, pelo qual algumas perdas territoriais foram revogadas para contemporizar o movimento de Kemal.

A figura acima representa a EUROPA ANTES E DEPOIS DA GUERRA. 

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