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Carta Argumentativa

Aprenda mais sobre Carta Argumentativa.

O GÊNERO CARTA

O texto em forma de carta possui características muito específicas e pode ser usado em várias instâncias: pessoal, política, social etc.

Pode-se redigir uma carta com uma narrativa, com trechos descritivos, uma argumentação, uma reflexão, um parecer, um convite e até uma informação. O que vai determinar, no entanto, a linguagem, a maneira de abordar o assunto e os aspectos formais de uma carta é a finalidade com que se escreve e o interlocutor da mensagem: um amigo, uma empresa, um diretor de escola, um parente próximo ou distante, um blog ou uma seção de um jornal ou de uma revista. Em todos os casos, no entanto, a carta deve obedecer a uma determinada estrutura mais ou menos fixa, com indicação de local e data no topo da página, uma saudação, dependente do grfau de intimidade entre os interlocutores, corpo do texto, despedida e assinatura.

Se a banca examinadora pede a redação de uma carta, ela mesma vai determinar como o candidato deve assinar a carta, para que ele não se identifique e, portanto, não seja eliminado do concurso.

Nos exames vestibulares, as propostas mais comuns são as cartas argumentativas, em que o emissor deve persuadir o receptor da necessidade de seu pedido ou propósito da carta. Esse gênero textual tem muita semelhança com a dissertação argumentativa, com uma diferença pontual: na dissertação, escreve-se a um receptor generalizado, um interlocutor imaginado, sem destinação exata; na carta argumentativa, escreve-se a um receptor único a quem se destina a mensagem e, por isso, deve-se adequar a linguagem, com algumas variantes, ao leitor, à ocasião e ao objetivo da carta.

Vamos analisar uma proposta de carta-argumentativa da UNICAMP.

Imagine que, ao ler a matéria “Cães vão tomar uma ‘gelada’ com cerveja pet”, você se sente incomodado por não haver nela nenhuma alusão aos possíveis efeitos que esse tipo de produto pode ter sobre o consumo de álcool, especialmente por adolescentes. Como leitor assíduo, você vem acompanhando o debate sobre o álcool na adolescência e decide escrever uma carta para a seção Leitor do jornal, criticando a matéria por não mencionar o problema do aumento do consumo de álcool.

Nessa carta, dirigida aos redatores do jornal, você deverá:

· fazer menção à matéria publicada, de modo que mesmo quem não a tenha lido entenda a importância da crítica que você faz;

· fundamentar a sua crítica com dados apresentados na matéria “Vergonha Nacional”, reproduzidos adiante.

Atenção: ao assinar a carta, use apenas as iniciais do remetente.

As décadas de descumprimento da lei (…) contribuíram para que os adultos se habituassem a ver o consumo de bebidas entre adolescentes como “mal menor”, comparado aos perigos do mundo. (…) Um estudo publicado pela revista Drugs and Alcohol Dependence ouviu 15.000 jovens nas 27 capitais brasileiras. O cenário que emerge do estudo é alarmante. Ao longo de um ano, um em cada três jovens brasileiros de 14 a 17 anos se embebedou ao menos uma vez. Em 54% dos casos mais recentes, isso ocorreu na sua casa ou na de amigos ou parentes. Os números confirmam também a leniência com que os adultos encaram a transgressão. Em 17% dos episódios, os menores estavam acompanhados dos próprios pais ou de tios.

EXEMPLO DE REDAÇÃO ACIMA DA MÉDIA

Prezados redatores,

Acompanho diariamente este jornal – e não o leio, apenas; mas também me questiono sobre o conteúdo que é nele reproduzido. Dessa forma, ao renegar a posição de leitor passivo, me vejo na função de expressar meu descontentamento perante a matéria veiculada no caderno “Cotidiano” do último dia 22 de julho, que tinha por objetivo informar sobre uma nova linha de cerveja para cães. Abarcada pela explosão de produtos de consumo humano que ganharam versões para animais domésticos, a reportagem exalta a bebida para os cães, como se ela levasse a outro nível o companheirismo do animal, que agora acompanha o dono até na “cervejinha” de cada dia. Inclusive, o texto ilustra esta ideia por meio do caso de um cachorro que foi inserido pelos donos, com sua cerveja especial, na festa de comemoração por um time de futebol.

Me incomoda, assim, que não surja na matéria nenhum questionamento sobre consequências mais sérias desta banalização do consumo de álcool em nossa sociedade (mesmo que a bebida dos cães não possua teor etílico, a referência é clara), principalmente entre aqueles que possuem menos maturidade para avaliar suas atitudes: os adolescentes. Dados de um estudo publicado no periódico “Drugs and Alcohol Dependence” mostram que 88% dos jovens brasileiros de 14 a 17 anos entrevistados na pesquisa já se embebedaram ao menos uma vez na vida, sendo um terço deles num período recente de um ano. A pesquisa também revela que, muitas vezes, o contato com a bebida se associa ao ambiente familiar, já que quase 25% daqueles que afirmaram ter se embebedado estavam em casa própria ou de parentes quando o fizeram pela última vez. Além disso, 17% foram acompanhados por pais ou tios, o que denuncia a naturalidade com que tal atitude é encarada por seus responsáveis. Então, se agora até o cão está apto a compartilhar da bebida, como fazer com que os jovens não se sintam ainda mais estimulados a abusar do consumo de álcool?

Não pretendo me colocar por meio desta como um moralista ou defensor do que alguns chamariam de “bons costumes”, mas me indigna o fato de que este jornal não tenha proposto um debate relevante sobre o assunto, e simplesmente transcreva um fato que contribui na institucionalização velada do abuso de álcool por parte dos jovens.

O.D.M.

COMENTÁRIO DA BANCA AVALIADORA

Estamos diante de um texto que trabalha com desenvoltura, maturidade e consistência todos os elementos solicitados no enunciado orientador e em suas instruções. De um ponto de vista formal, a redação formulada atende ao tipo de texto solicitado – uma carta; à interlocução proposta (leitor assíduo e redatores do jornal); e ao propósito de elaboração da carta – uma crítica ao jornal pela falta da alusão ao aumento do consumo de álcool por adolescentes na reportagem sobre a cerveja pet –, fazendo menção clara à reportagem e usando dados da matéria “Vergonha Nacional”. Ocorre que não estamos diante de um mero cumprimento de exigências, mas de um trabalho autoral que demonstra domínio de leitura e escrita de textos e garante a construção de uma carta incisiva e bem realizada. É preciso observar a construção da interlocução como um dos elementos estruturantes da argumentação que caracteriza o tipo de texto carta: dirigida aos redatores do jornal – tomados como responsáveis pela decisão da pauta do jornal e, portanto, responsáveis pela ausência de debate e por contribuir para a institucionalização velada do abuso do álcool –, a carta é enunciada por um leitor que se mostra como alguém habituado a ler não apenas o jornal responsável pela matéria, mas outros meios de comunicação e não só isso, como ele mesmo diz e mostra, alguém que pensa sobre o que lê. Trata-se de um leitor que estabelece relações, o que fica muito bem demonstrado pela excelente análise que faz da reportagem sobre a cerveja pet, trabalhando nela tanto o verbal quanto o imagético. Este enunciador, além de leitor diário do jornal, rejeita uma imagem moralista ao cobrar a presença de um debate que não aceite como legítimos acontecimentos como o da propaganda noticiada da cerveja pet. Os dados da matéria “Vergonha Nacional” são explorados de modo muito consistente, estabelecendo-se a relação entre animais domésticos, jovens, lares, família. Trata-se de uma leitura muito elaborada tanto da matéria publicada na íntegra, quanto do recorte jornalístico. A carta mostra-nos, portanto, um trabalho de autoria com domínio de leitura e escrita.

Agora, segue uma redação abaixo da média, com análise da banca.

11 de Novembro de 2012, São Paulo

Olá caros redatores do jornal da Folha de São Paulo, eu sou um grande leitor e apreciador de todo o trabalho duro que vocês fazem para publicarem as suas varias manchetes e reportagens, porêm, uma matéria em expecifica publicada no dia 22 de julho deste mesmo ano que se referia a uma bebida semelhânte a cerveja destinada aos cachorros, me deixou um tanto quanto incomodado, ou melhor dizendo, indignado.

A princípio, a reportagem não passava de uma reportagem casual, mas conforme ia lendo, me sentia cada vez mais inquieto pois a matéria inteira acabou não trazendo nenhuma alusão sobre o consumo de bebidas alcolicas entre os jovens de hoje.

Espero ouvir uma resposta sobre o motivo pelo qual vocês não mencionaram algo de tamanha importancia no texto.

Atenciosamente, O.L.H.

COMENTÁRIO DA BANCA AVALIADORA

Este é um típico exemplo das redações que realizam de maneira muito superficial aquilo que é solicitado na Prova de Redação do Vestibular da Unicamp. A carta escrita – que só é uma carta pelo cumprimento formal de alguma de suas características: tem data, dirige-se a alguém, é assinada, mas de fato é apenas tangencialmente uma carta – está sustentada por uma paráfrase do enunciado orientador da prova, sem desenvolvê-lo, pois apenas o parafraseia, e sem atender às instruções propostas, pois não faz menção aos dados da matéria “Vergonha Nacional” e não alude à matéria sobre a cerveja Pet de modo que quem não a tenha lido entenda o que se está discutindo. Apesar de apresentar uma marca formal e explícita de leitor assíduo (“sou um grande leitor”), não há um trabalho que configure esta enunciação de fato, esvaziando-a na marca explícita. Este esvaziamento compromete de maneira significativa a carta.

A UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA também cobra carta em seu vestibular. Seguem algumas orientações.

· Cabeçalho: na primeira linha da carta, devem aparecer o nome da cidade e a data na qual se escreve.

Exemplo: Uberlândia, 03 de junho de 2017.

Em seguida, o candidato deve pular uma linha para inserir o vocativo.

· Vocativo: (interlocutor geralmente já definido). A escolha desse vocativo dependerá do que solicita a proposta e da relação social com ele estabelecida.

Exemplos: Prezado Senhor Fulano, Excelentíssimo Senhor Presidente Fulano de Tal; Senhor Sicrano, etc. (Pule uma linha) antes de iniciar a carta.

· Interlocutor: Ao escrever a carta, o candidato deverá fazer o leitor “aparecer” nas linhas. Se a carta é para um político, por exemplo, evidentemente ele deve ser evocado ao longo do texto. Então, verbos no imperativo – que fazem o leitor perceber que é ele o interlocutor – e vocativos (Senhor; V. Excia.; por exemplo) são bem-vindos.

Observação:

É falha comum entre os candidatos “disfarçarem” o texto, como se uma dissertação tradicional fosse carta argumentativa. Alguns até escrevem o cabeçalho ou o vocativo inicial, e na sequência desenvolvem um texto que não evoca em momento algum o leitor (como se fosse uma dissertação) e, ao final, inserem a assinatura. Cuidado! Na carta, deve haver interlocução.

· Expressão que introduz a assinatura: Terminada a carta, é de praxe pular uma linha, para inserir uma expressão que precede a assinatura do autor. A mais comum é “Atenciosamente”, mas, dependendo da proposta e das intenções para com o interlocutor, é possível gerar várias outras expressões, como “De um amigo”, “De um cidadão que votou no senhor”, De alguém que deseja ser atendido” etc.

· Assinatura: NÃO escreva o próprio nome por extenso. Veja o que solicita a proposta. Ela pode solicitar que o candidato use um nome fictício, já dado, por exemplo. Essa postura adotada pela UFU é importante para que se garanta a não identificação do candidato e, sobretudo, a imparcialidade dos corretores na avaliação das redações.

CUIDADO!

Na carta argumentativa, há a obrigatoriedade de saltar linhas entre os elementos como data, vocativo, corpo da carta, despedida e assinatura.

Agora, segue uma proposta de carta argumentativa da Universidade Federal de Uberlândia.

Leia com atenção o texto a seguir.

Medicina científica X medicalização da vida

Pessoas saudáveis são pacientes que ainda não sabem que estão doentes, considera o doutor Knock na peça de Jules Romains, em que o personagem convence a todos os habitantes de uma cidade de que estão doentes. A comédia, de 1923, antecipa, de certo modo, uma das características de nosso tempo, a medicalização progressiva de todos os aspectos da vida.

Vivemos um momento privilegiado da história, quando a medicina atingiu um nível incomparável de conhecimentos e recursos tecnológicos. Com criatividade, a ciência conquistou terreno apropriando-se até mesmo de áreas de vida durante séculos fora do alcance de qualquer intervenção que não a religiosa – como as doenças psiquiátricas.

Medicalizar consiste em “passar a definir e tratar algo como problema médico”, ou seja, direcionar conhecimentos e recursos técnicos da medicina para tratar algo que antes não era abrangido por essa área. É natural que, à medida que a ciência avança, novas patologias sejam detectadas, como a depressão ou o autismo, e outras, reinterpretadas e descartadas, caso da histeria e da homossexualidade. Avanços tecnológicos permitem não só diagnosticar melhor, mas diagnosticar mais, mesmo condições que não coloquem a vida em risco ou comprometam sua qualidade. O problema está precisamente na facilidade com que novas doenças podem ser “criadas”, quando situações antes tidas como normais acabam patologizadas. Algumas de formas justificadas, outras, não.

Claro que há “boas” e “más” formas de medicalização. Entre os casos positivos, pode- se citar a introdução da pílula anticoncepcional, que permitiu uma revolução sexual. Um exemplo negativo foi a demonização do mau hálito no começo do século XX, ao ser rebatizado como… halitose. Em virtude disso, uma notável campanha publicitária estimulou a venda de uma nova “necessidade”, o antisséptico bucal. Hoje a lista de “doenças” questionáveis não para de crescer: de características pessoais estigmatizáveis como “calvície”, “síndrome das pernas inquietas”, “timidez”, sem falar nas características estéticas, situações de vida (“tristeza”, “luto”) e mesmo consequências do envelhecimento.

Parece, portanto, que estamos vivendo o apogeu da “má” medicalização – a chamada “mercantilização das doenças”, como provam os absurdos níveis de consumo de fármacos como a ritalina (especialmente entre escolares, muitos sobrediagnosticados com TDAH) e antidepressivos. Remédio é chiclete.

QUILLFELDT, Jorge. Medicina científica X medicalização da vida. Revista Scient American Brasil, ano 13, no 155. (Texto adaptado)

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PROPOSTA

Com base nas ideias apresentadas no texto, redija uma CARTA ARGUMENTATIVA para o Ministro da Saúde, criticando a “criação” de novas doenças e/ou a medicalização de situações antes tidas como normais. Em sua carta, você, um cidadão brasileiro, deve também cobrar providências da área de saúde em relação a essas questões.

OBEDEÇA AO ESQUEMA

LOCAL, DATA.

pule uma linha

VOCATIVO,

pule uma linha

CORPO DA CARTA

pule uma linha

DESPEDIDA,

pule uma linha

ASSINATURA DO AUTOR DA CARTA

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