É evidente que o corpo é também um meio de comunicação e expressão e que cada pessoa guarda uma forma diferente de comunicar-se corporalmente, influenciado pelo meio e com variações de acordo com a cultura em que esteja inserido. Os indivíduos descobrem os valores das expressões corporais conforme o contexto social e o ambiente em que se inserem. Fundamental é entender que qualquer movimento corporal apresenta uma significação contextual.

Muitas vezes, os processos de envio, recebimento ou mesmo de percepção de signos não verbais são naturais, realizados ou percebidos automaticamente. Em outros casos, o mesmo comportamento é condicionado por conta do papel social desempenhado pelo enunciador de forma profissional ou social nas relações estabelecidas pelos interlocutores. 

Dessa forma, pode-se entender que as questões acerca do corpo não são meramente individuais e formam um conjunto expressivo que caracteriza seu uso dentro de todas as possibilidades sociais. Assim, surge a compreensão de que a cultura corporal deve ser entendida como um fato histórico contextualizado em diversas culturas, promovendo o conhecimento e o respeito ao patrimônio cultural, baseado na observação de padrões estéticos, culturais e comportamentais dos vários grupos presentes na sociedade.

A linguagem corporal está presente, cotidianamente na vida da sociedade atual, moldando diferenças e multiplicidades. É pelo corpo que, desde a infância, descobre-se e aprende-se que mais que diferentes, somos todos ímpares, mesmo quando fazemos parte de diversos grupos sociais e manifestemos inúmeros aspectos culturais.

O corpo é também um caminho para que os sujeitos exteriorizem seu vigor, suas aspirações e suas crenças. O corpo é o meio essencial para as realizações cotidianas e faz-se comunicar na arte, nas brincadeiras, no esporte, nos ofícios, nas cerimônias e nos rituais religiosos. Todos esses saberes e usos são construídos histórica e coletivamente de forma a expressar e representar uma sociedade. É a importância do corpo que impõe aos indivíduos a necessidade de olhar para o outro, entender suas manifestações como coletivas e pereber que são nas questões culturais, sociais e políticas que o próprio indivíduo é definido.

Seja nas atividades lúdicas, nos padrões estéticos utilizados pela mídia com os mais diferentes propósitos, o corpo está sempre no centro do entendimento da relação entre o indivíduo e o mundo. Compreendê-lo em sua plenitude, como um elemento definidor da identidade, como expressão de etnias, culturas ou crenças é fundamenta para pautar uma participação ativa e consciente na vida em sociedade.

A matriz de referência do Enem define como uma de suas competências: “compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora de identidade.”, elencando habilidades relativas à competência que revelam a importância do conhecimento do corpo, suas atividades e sua relação com o meio sociocultural. Vejamos cada uma delas:

Habilidade 9 – Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.

O Enem indica a importância das manifestações corporais na relação com a sociedade, influenciando e sendo infuenciada pela cultura. O reconhecimento de diferentes atividades corporais deve ser realizado pela relação com o contexto social, com as influências do meio em que se insere e nas relações interativas com a realidade dos grupos a que pertencem.

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Habilidade 10 – Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.

As necessidades cinestésicas são aquelas relativas ao movimento do corpo. Assim, o Enem pede para que o candidato compreenda a relevância das atividades físicas para o cuidado com a saúde e para a promoção de qualidade de vida. Isso repercute na inevitabilidade de pensar o homem na contemporaneidade, seu sedentarismo e as influências – tecnológicas e tantas outras – que limitam suas capacidades corporais.

Habilidade 11 – Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos.

O Enem cobra, nesta habilidade, o entendimento da linguagem do corpo como peça fundamental da interação social, nas atividades cotidianas – a linguagem como ação – seja na escola, no trabalho, na família ou em outros grupos sociais. É nesse ponto que entram as questões ligadas aos esportes, à diversidade sociocultural, às questões de gênero e a quaisquer outros usos expressivos do corpo na inserção do indivíduo nos diversos papéis sociais.

Por fim, o corpo e seu movimento são contextualizados em diversas culturas e ligam-se às manifestações artísticas ou lúdicas, integrando um conjunto de saberes que abarca a dança, o teatro, o circo, o folclore, as lutas, as brincadeiras etc.

Por isso, é importante, a cada expressão corporal buscar suaa identificação com manifestações culturais, observar a presença ou referência a elementos históricos e sociais. Igualmente importante é perceber modificações nos padrões estéticos ou cinestésicos nos diferentes momentos históricos e contextos sociais. É desejável que o candidato seja capaz de comparar tais padrões ou manifestações de maneira a analisá-las e perceber posicionamentos críticos diante de tais valores expressos, incluindo-se aí, questões de aceitabilidade de representações, estereótipos e preconceitos.